sexta-feira, 11 de setembro de 2015

O jardim de minha alma

Madrugada adentro e os dedos a redigir mais um lanço de sentimentos. A dor parece já ter se acomodado num cantinho às apalpadelas e já nem lateja mais, alguns dias e ela fará moradia longe, longe, longe… É como se neste embaraço de combinações os dedos estivessem confortáveis em suas expressões. 

Deixarei-os livres, isento de qualquer coação ou domínio. Sejam, apenas sejam, mesmo que não encontrem sentido algum. Escorram alma em cada grafia e eu os sustentarei em ricos parágrafos. Nunca tive medo do amor, mas confesso que amar dá um tremorzinho aqui dentro. Mesmo assim, arrisco o abrasador, o cálido, já que o morno nunca me apeteceu e o gélido jamais me manteve, aposto no fervor… ah, o fervor… este sim, vive a tirar profundos suspiros. Se eu pudesse estar circunscrita e ardente em uma palavra, esta seria: amor.

Às vezes me pego peregrinando em meus pensamentos… Como pode o amor ser tão lindo até mesmo na dor? Foi quando mais feriu, mais causou dor que elas chegaram para adornar minha alma… as flores. Hoje iniciei um ciclo sem prenúncio. Poderá ser uma vida inteira ou quem sabe, uma estação. Planto uma flor por dia onde chamarei mais tarde de: "meu jardim". Elas carregarão as recordações desta estação - que como tudo na vida, passará. Serão guarnecidas com meus cuidados dia após dia - com todo carinho e sensibilidade que porto. 

O amor as adubará, fará delas resistentes e minha crença as fortalecerá todas manhãs. Todo amanhecer, ao levantar-me irei vê-las. Cavarei mais um buraco e junto às que lá estão, outra irá florescer - mais uma cor radiante a embelezar meu lindo jardim. Como tudo na vida - e como o mundo, elas também tem "prazo de validade". Elas não diferem neste aspecto. Mas sabe o melhor? Nesta estação, ano que vem, estarão prontas a florir e mais uma vez, colorir nossa alma.

Natália Gross

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