sexta-feira, 26 de junho de 2015

Vida em meus sonhos.

          A procura foi extenuante, aliás, esgotante. Procurei-te no abrigo de abraços que eram apenas braços. Procurei teu calor em ardores infernais. Joguei-me em penhascos esperando que fossem atalhos. Uma sensação corporal e confessora... penosa! Medrei meu espírito com catástrofes emocionais, até que derreada, apelei à súplicas... e quanta súplica. Roguei, sem nem mesmo saber à quem, na busca de exortar um coração que batia oco. E então, resfoleguei em esperança. Quando a espera transmutava em consternação, eu fazia você viver em versos, aspirava bravamente aquele acalento e prendia o ar por mais uns dias. Em noites frias de confissões impiedosas, apertava o peito a tardança de te ter dentro de mim, ao mesmo tempo, tão longe e intangível.
         Meu amor, a pulsação descompassada me traz a certeza... És tu. Sempre foi. Eu não precisei contemplar seu rosto para saber que era você, bastou alcançar sua mão. Conhecia sua alma de olhos fechados, seu cheiro já morava em mim. E no primeiro beijo matei toda saudade. Sim, sentia saudade de ti sem nunca te ter em meus braços, apenas um amor incorpóreo, mas jamais langoroso.
         Agora que o tempo solidário fez sua contribuição, a tramontana deu a diretriz dos nossos passos, te acostarei em meu peito para que em nenhuma circunstância desabe em saudade absurda novamente.

( Natália Gross )

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