A procura foi extenuante, aliás, esgotante. Procurei-te no abrigo de
abraços que eram apenas braços. Procurei teu calor em ardores
infernais. Joguei-me em penhascos esperando que fossem atalhos. Uma
sensação corporal e confessora... penosa! Medrei meu espírito com
catástrofes emocionais, até que derreada, apelei à súplicas... e
quanta súplica. Roguei, sem nem mesmo saber à quem, na busca de
exortar um coração que batia oco. E então, resfoleguei em
esperança. Quando a espera transmutava em consternação, eu fazia
você viver em versos, aspirava bravamente aquele acalento e prendia
o ar por mais uns dias. Em noites frias de confissões impiedosas,
apertava o peito a tardança de te ter dentro de mim, ao mesmo tempo,
tão longe e intangível.
Meu amor, a pulsação descompassada me traz a certeza... És tu.
Sempre foi. Eu não precisei contemplar seu rosto para saber que era
você, bastou alcançar sua mão. Conhecia sua alma de olhos
fechados, seu cheiro já morava em mim. E no primeiro beijo matei
toda saudade. Sim, sentia saudade de ti sem nunca te ter em meus
braços, apenas um amor incorpóreo, mas jamais langoroso.
Agora que o tempo solidário fez sua contribuição, a tramontana deu
a diretriz dos nossos passos, te acostarei em meu peito para que em
nenhuma circunstância desabe em saudade absurda novamente.
( Natália Gross )
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