Eu tenho saudades, mas não de você.

Eu perdi as contas de quantas vezes eu pensei na minha vida e lembrei de você, se tivéssemos dado continuidade juntos, acredito, que seria tão bom, tão fácil.

Será que não teria, finalmente, "dado certo"? Eu não sei, provavelmente. Só sei que se assim fosse, perderia as vivências que tive desde o dia que não nos falamos mais, até o dia de hoje e essas coisas, das quais vive sozinho, são fundamentais para minha felicidade atualmente. Eu sei que assim acabo me contra dizendo. Isso que eu lembro quando penso em nós...digo...na minha vida.

Refleti muito e cheguei a conclusão de que você não poderia ter caminhado comigo, não seria o certo. Temos nossas individualidades e precisamos segui-las, seja com quem for ou até mesmo sozinhos.

Eu não tenho saudade de você, eu não tenho mesmo. Eu tenho saudade do sentimento que eu sentia quando estava com você, aquela sensação de "será que agora vai?", "eu te encontrei?", "minhas preces foram atendidas?", "Quando eu vou falar que te amo?"

Eu morro de vontade toda vez que vou dormir, por aquela mensagem de boa noite, aquela sensação de que alguém também ora pela minha pessoa. Aquele frio na barriga quando toca o telefone. Dos beijos fervorosos, dos sorrisos que eu fazia você despertar quando a olhava fixamente.

Como dói pensar e perceber que não tenho nada disso, não tenho nada nem perto disso. Como arde dentro de mim, esse buraco que deixou quando se foi, sem que eu pudesse entender.

Quero e busco aquela paz interior, aquela sensação de mandar uma mensagem safada e ser respondido com ainda mais safadeza. De conversar com você à milhares de quilômetros e saber que você torce por mim, tanto quanto eu.

Eu não tenho saudade de você, afinal de contas, eu não gosto mais de você, mas o grande problema é que quando você se foi, levou muitas coisas minhas. Agora a minha vontade de sentir tudo aquilo de novo, mais maduro, mais estruturado e com alguém que não me descarte feito um copo plástico, aumenta, gradativamente, a cada suspiro que dou, quando lembro de que eu amo amar.

(Gabriel Zorgetz Capeletti)